Enquanto muitos países sofrem com o overtourism (turismo de massa), outros sequer são lembrados quando falamos de turismo, então se tornam destinos pouco conhecidos entre os viajantes.
Isso pode acontecer por diversos motivos, desde estereótipos negativos sobre o lugar até a pura falta de conhecimento sobre a existência dele.
Pra mudar isso, selecionei 6 países de diferentes continentes (América Central, Ásia e África) pra que você possa conhecer melhor a beleza e riqueza cultural deles.
1. Haiti (América Central)
O Haiti se tornou o primeiro país independente da América Latina e isso aconteceu por causa da Revolução Haitiana, que foi liderada por escravizados e durou de 1791 até 1804 – ano em que o país conquistou a independência.
Nada nunca foi fácil pro Haiti. Depois da independência, ele sofreu bloqueios econômicos de outros países e ainda precisou pagar uma indenização enorme pra França reconhecer a sua independência.
Por causa de tudo isso, o jornalista Eduardo Galeano, no livro “As Veias Abertas da América Latina”, escreve: “O país nasceu em ruínas e não se recuperou jamais: hoje é o país mais pobre da América Latina”.
Apesar desse fato bem triste, é inegável que o Haiti tem uma história de luta impressionante e muito inspiradora pro movimento negro. Além disso, como tá no Caribe, nem preciso dizer que o país tem praias lindas, né?
Um exemplo disso é a Ilha de La Gonâve, que tem águas daquela cor azul transparente que nem parecem ser reais. Outro lugar visitado pelos turistas que querem conhecer o mar caribenho é a Île à Vache, que também é uma ilha.
No Haiti, você pode conhecer alguns lugares históricos, como a Citadelle Laferrière, que é a maior fortaleza do continente americano. Ela foi construída entre 1805 e 1820 e o principal objetivo era proteger o país de novas invasões francesas.
Mais um lugar histórico são as ruínas do Palácio de Sans-Souci, lugar que foi casa de Henri Cristophe, rei do antigo reino do Haiti.
2. Gabão (África)
Um dos destinos pouco conhecidos entre os viajantes é o Gabão, que é um dos países mais ricos do continente africano, principalmente por causa das reservas de petróleo. Mas, igual ao Brasil, a distribuição de renda lá é desigual e a riqueza fica concentrada nas mãos da elite.
Aliás, uma curiosidade: há 200 milhões de anos, o Gabão era colado com a Bahia. Hoje em dia, a distância entre os dois é de mais de 5,3 mil quilômetros.
O país tem mais de 40 grupos étnicos e o maior deles é o fang. Na floresta tropical, existem alguns grupos de pigmeus (pessoas de baixa estatura, geralmente não passam de 1,50 metros).
Falando em floresta tropical, o Gabão é um país que tem mais de 70% do território ocupado por florestas tropicais. Por lá, existem 13 parques nacionais e um deles é o Lopé, que tem floresta tropical e savana. Essa foi a primeira área protegida do Gabão.
Alguns animais que podem ser encontrados no Parque Nacional de Lopé: gorilas, elefantes, búfalos e mandris. Assim como Lopé, o Parque Nacional de Loango mistura floresta tropical e savana. Além disso, também tem lagoas e ilhas. É um lugar onde você pode encontrar hipopótamos, gorilas, elefantes e até baleias e golfinhos.
3. Paquistão (Ásia)
O Paquistão só se tornou um país autônomo em 1947. Antes disso, ele foi uma colônia britânica e entrou em conflitos com a Índia – aliás, os dois países brigam até hoje pra conquistar a região da Caxemira.
No Paquistão está a segunda montanha mais alta do mundo, chamada de K2, que tem 8.611 metros de altitude. Ela também é considerada a montanha mais perigosa do planeta (a taxa de fatalidade é de 25,75%).
Lá também fica a Nanga Parbat, que é a nona montanha mais alta do mundo (8.125 metros de altitude). Ela tem a parede mais alta do mundo, que é um abismo com 4.500 metros.
Outro lugar interessante é a Rodovia de Karakoram, que liga a China e o Paquistão. Ela é apelidada de 8ª maravilha do mundo por ser uma das estradas com paisagens mais bonitas, mas também é considerada perigosa por ser bem alta e ter curvas bruscas.
Resumindo: se o seu carro não estiver estável na estrada, você pode cair montanha abaixo – alguns picos da rodovia ultrapassam 4,7 mil metros!
Na capital Islamabad também tem atrações bem legais, como a Mesquita Faisal, que é uma das maiores mesquitas do mundo e é a maior do Sul da Ásia.
Voltando alguns séculos, no Paquistão existe um lugar chamando Mohenjo-daro, que foi uma cidade construída no terceiro milênio Antes de Cristo e ainda hoje você pode ver as ruínas arqueológicas desse lugar. Ele foi um dos grandes primeiros povoados urbanos do mundo.
4. Butão (Ásia)
A Ásia tem vários destinos pouco conhecidos turisticamente e um deles é o Butão, que é considerado o país mais feliz do mundo. Aliás, ele até tem um índice chamado “Felicidade Interna Bruta”.
Pra fazer esse cálculo, os moradores recebem um questionário bem específico com base em 4 pilares: Desenvolvimento Sócio-Econômico Sustentável e Equitativo, Boa Governança, Preservação do Meio Ambiente, Preservação e Promoção de Cultura.
Por ser um reino budista, o Butão venera a natureza e as montanhas são consideradas divindades. É por isso que grande parte dos monastérios são construídos nas montanhas. Aliás, sabia que mais de 60% do país é coberto por florestas?
Os brasileiros Liany e Wagner moraram no Butão por dois anos e falaram várias curiosidades sobre o país. Uma delas é que a “Verdinha” (se é que vocês me entendem…) cresce facilmente por lá, mas o consumo é proibido.
O casal contou que tava fazendo uma hortinha, cortava o mato pra jogar na composteira e, do nada, começou a reparar que a tal da verdinha tava nascendo entre os legumes. Vale a pena ver o blog deles: https://www.mochilaoadois.com.br/
Outra curiosidade: pelo país, você pode encontrar facilmente pinturas representando um pênis nas paredes. O motivo? O líder religioso Drukpa Kunley se tornou uma referência como o Santo da Fertilidade que “iluminou” 5.000 mulheres por meio do sexo durante os seus 115 anos.
Tá pensando em ir pro Butão? Então saiba que o país cobra uma taxa diária de turismo que varia de US$200, na baixa temporada, a US$250 na alta temporada.
O valor dessa taxa inclui guia, motorista, refeições no país, hospedagem (hotel 3 estrelas, casas de família etc), entrada nos museus e monastérios. Essa taxa se refere a itens bem básicos. É como se o governo estimasse uma qualidade mínima pra que o viajante possa ter conforto durante a viagem.
Então, se você quiser algo ainda mais confortável ou até mesmo luxuoso, vai precisar pagar um valor a mais. Se você viajar sozinho e sem agência ainda vai precisar pagar mais uma taxa de US$40 por noite. Além dessas taxas, pra entrar no país você precisa pagar o visto que custa US$40. Ou seja, o Butão não é um destino pra qualquer bolso.
Essas medidas evitam que o Butão sofra com o turismo de massa. Por isso, ele é um dos países menos visitados no mundo em relação ao número total de turistas.
5. Costa do Marfim (África)
Hoje em dia, a Costa do Marfim é um dos países mais prósperos do continente africano, principalmente por causa da produção de cacau. Aliás, ele é o maior exportador de cacau do mundo, então é bem provável que você já tenha experimentado e nem saiba disso.
Uma curiosidade: o nome “Costa do Marfim” foi dado pelos portugueses por causa da quantidade de elefantes por lá, mas quem colonizou o país foi a França – e a independência aconteceu na década de 60.
Só no século XXI, Costa do Marfim passou por duas guerras civis. A primeira delas acabou por causa de um discurso do jogador Didier Drogba, que pediu o fim do conflito na frente das câmeras. Viu só como política e futebol se misturam sim?
Depois de muitas turbulências, a Costa do Marfim começou a entrar no radar do turismo internacional. A cidade Abidjã, que é a maior do país, é super movimentada, moderna e com clima cosmopolita.
Grand-Bassam é uma cidade que fica bem próxima de Abidjã, onde existem vários resorts e casas com arquitetura colonial. Por lá, a principal atração fica por conta das praias.
Em Iamussucro, capital do país, existe a maior basílica do mundo, que é a Basílica de Nossa Senhora da Paz. Aliás, o catolicismo e o islamismo são as religiões mais praticadas na Costa do Marfim.
Pra quem quer conhecer a vida selvagem na Costa do Marfim, existe o Parque Nacional de Tai, que tem espécies de animais protegidas, como o hipopótamo pigmeu. Outro parque nacional é o Comoé, que tem mais de 1 milhão de hectares e é o parque nacional mais antigo do país.
Apesar de ser um dos destinos pouco conhecidos no turismo, essa realidade tem começado a mudar na Costa do Marfim, mas o país ainda não é um dos mais visitados do continente africano.
6. Irã
Pra quem ama História e gosta de ir pra lugares com moradores hospitaleiros, o Irã não pode ficar de fora da lista de países incríveis pra visitar.
O Irã foi um país super importante no passado – lembra do Império Persa? – e continua sendo no presente: tem a segunda maior oferta de gás natural do mundo e a quarta maior reserva de petróleo.
Teerã é uma metrópole que funciona como principal porta de entrada e saída no Irã. Por lá, existem vários parques e construções incríveis, como a Torre Azadi.
Já Persépolis (que significa “cidade persa”) foi uma das antigas capitais do Império Persa e levou quase 100 anos pra ser construída. Você ainda consegue ver as ruínas desse lugar lá no Irã!
Outro sítio arqueológico que também pode ser visitado é Pasárgada, que foi uma cidade da Antiga Pérsia e é onde provavelmente está a Tumba de Ciro, o Grande, rei da Pérsia.
Uma cidade que todo mundo indica conhecer no Irã é Isfahan, Nesse lugar, existe uma praça enorme que se chama Naqsh-e Jahan e uma mesquita lindíssima que é a Sheikh Lotfollah.
Uma das religiões mais antigas do mundo é o zoroastrismo, fundada pelo profeta Zaratustra na Antiga Pérsia. Hoje, a maioria das pessoas do Irã que praticam o zoroastrismo estão em Yazd.
Yazd é uma cidade que fica no meio do deserto e tem vários ícones do tempo em que o zoroastrismo era a principal religião da Pérsia. Dois deles são o Templo do Fogo e a Torre do Silêncio.
Viu como, apesar de serem destinos pouco conhecidos, eles são belíssimos e têm muita história pra contar? Por isso, vale a pena pensar em visitar lugares fora do óbvio.
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Gostei muito dessa matéria, rica em conhecimento.
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