Considerada a cidade mais negra fora do continente africano, Salvador, na Bahia, desperta a curiosidade daqueles que desejam ver de perto o berço da negritude no Brasil. Para ficar ainda melhor, existem diversos passeios gratuitos em Salvador, o que anima ainda mais os turistas.
A capital da Bahia foi, também, a primeira capital brasileira, recebendo os primeiros sujeitos escravizados no país, ao final do século XVI, para trabalhar nos engenhos de açúcar do Recôncavo Baiano.
Então, se você tem interesse na história do nosso país e, em especial, nas relações raciais brasileiras, esse é um dos destinos nacionais baratos que não podem ficar de fora da sua lista.
Por isso, neste artigo, vou mostrar 6 passeios gratuitos em Salvador que você pode fazer para aproveitar a visita à cidade. Acompanhe a leitura!
1. Forte do Monte Serrat
O Forte de Nossa Senhora do Monte Serrat foi erguido durante a época do Brasil Colônia, com o objetivo de defender o acesso norte de Salvador. O local fica na região da Cidade Baixa, bem próximo à Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, que você vai ver melhor em seguida.
No topo do Monte Serrat, você tem uma vista privilegiada para a Baía de Todos os Santos, incluindo a praia de Boa Viagem que fica ao pé do morro.
Um ponto histórico da região é a Igreja e Mosteiro de Nossa Senhora do Monte Serrat. Essa é uma igrejinha também bem simples e não parece não ser muito bem preservada, porque vi algumas pichações na parte externa. Além dessa, a área tem a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Continuando na parte de baixo do Monte Serrat, é possível encontrar a Ponta de Humaitá, que guarda o Farol do Monte Serrat, enquanto pessoas nadam, pescam e brincam ao redor dele. Mas a chave de ouro é a balaustrada que cerca o farol.
Isso porque ela conta com um assento que permite aos visitantes aproveitar a paisagem bem de perto. Se quiser curtir ainda mais, recomendo ver o pôr do sol ali mesmo.
Depois, se preferir, pode comer pela região, já que existem algumas barracas e restaurantes vendendo tira-gostos.
2. Igreja de Nosso Senhor do Bonfim
Você sabia que a capital baiana tem 372 igrejas católicas? Então, um dos passeios gratuitos em Salvador que você precisa fazer é visitar algumas delas.
De todas, certamente a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, construída em 1772, é a mais conhecida e visitada. É nela que são distribuídas as famosas fitinhas do Bonfim.
A igreja fica bem próxima do Monte Serrat, inclusive levei entre 15 e 20 minutos ao caminhar de um lugar para o outro.
Quando fui para o Bonfim, me ofereceram uma fitinha e disseram que eu deveria fazer três nós ao amarrá-la ao redor da igreja, incluindo um pedido para cada um deles. Depois disso, dois dos meus três pedidos se realizaram, acredita?
Para a minha sorte, eu consegui pegar um pedaço da missa na igreja e foi uma experiência marcante. Eu não ia para igrejas católicas há muitos anos e assistir à missa me trouxe uma sensação de paz e esperança, sabe? Foi realmente muito bom – mas não o suficiente para eu voltar a frequentar igrejas, desculpa!
Caso você vá para Salvador em janeiro, não pode perder a Lavagem do Bonfim, que revela o sincretismo da fé católica e a do candomblé.
A celebração acontece na segunda quinta-feira de todos os anos, em que os fiéis se vestem de branco e fazem uma caminhada entre a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, localizada no Comércio, e a Colina Sagrada, que fica no Bonfim.
Ao chegarem na Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, as baianas lavam as escadarias com água de cheiro, que é uma mistura de água com folhas e flores, com o propósito de purificação. As baianas também jogam pipoca sobre os fiéis para limpá-los.
3. Pelourinho
Se você procura passeios gratuitos em Salvador, também não pode deixar de visitar o Pelourinho. Situado no centro histórico, o bairro foi considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1985.
Sabe o porquê do nome “Pelourinho”? Originalmente, pelourinho se referia a uma coluna de madeira ou pedra, localizada em uma praça, para castigar criminosos. No Brasil, passou a ser utilizado para amarrar e torturar os sujeitos escravizados. Sim, a história desse nome tem um passado bem doloroso.
Atualmente, o Pelô reúne casas antigas, igrejas barrocas, pousadas, restaurantes, bares, lojas e ainda existem manifestações artísticas pelas ruas de paralelepípedo.
Aliás, sabia que o grupo carnavalesco Olodum nasceu no Pelourinho? Eles ainda fazem ensaios no bairro, mas são pagos, com o valor de R$40 a inteira.
No Largo do Pelourinho, você pode visitar a Fundação Casa de Jorge Amado, escritor baiano nascido em Itabuna, no sul da Bahia, considerado um dos nomes mais importantes da literatura brasileira.
O autor escreveu obras como “Capitães de Areia”, “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e “Gabriela, Cravo e Canela”. A entrada na fundação é gratuita às quartas. Nos outros dias, o valor é de R$5. Para os amantes da literatura nacional, essa é uma ótima dica sobre o que fazer em Salvador de graça.
Ainda no Largo do Pelourinho, você pode ver a Casa do Michael Jackson, que é um casarão azul de dois andares onde o cantor gravou parte do clipe da música “They Don’t Care About Us”, em 1996, com participação do grupo Olodum.
Dirigido pelo renomado diretor norte-americano Spike Lee, o clipe foi gravado nas ruas do Pelourinho e na Favela Dona Marta, no Rio de Janeiro.
Dicas importantes
O passeio pelo Pelourinho vale uma tarde inteira e você ainda pode aproveitar para fechar o dia em um dos restaurantes da região. Foi lá que eu comi uma deliciosa moqueca de legumes com o famoso azeite de dendê.
Apenas indico que você tenha cuidado ao caminhar pela área, pois me recomendaram não ir para as vielas fora do centro turístico, que são bem desertas e, por isso, podem ser perigosas.
Lembre-se que veículos não podem circular por ali, então, o ideal é pegar um transporte até a Cidade Baixa, na região do Mercado Modelo, e subir o Elevador Lacerda.
Aliás, importante destacar que esse foi o primeiro elevador urbano do mundo, construído em 1873. Atualmente, é necessário pagar R$0,15 para subir nele. Do alto, você tem uma vista panorâmica da Baía de Todos os Santos e pode seguir para o Pelourinho.
4. Forte de Santo Antônio da Barra
Se você deseja ver um pôr do sol espetacular, vale a pena ir ao Forte de Santo Antônio da Barra. No finalzinho da tarde, as pessoas se reúnem no ao redor do Forte da Barra e contemplam o sol se pôr e se refletir nas águas da Baía de Todos os Santos.
Esse foi um dos primeiros fortes construídos no país, em 1534, e é um dos pontos turísticos mais visitados de Salvador. À noite, o local vira um point para os jovens. É possível encontrar pessoas vendendo comida e bebida, ouvir música e por aí vai. Depois do pôr do sol, eu optei por caminhar pela orla da praia da Barra e apenas contemplar a paisagem.
É no Forte de Santo Antônio da Barra que você pode conhecer o conhecido Farol da Barra, que tem 22 metros de altura e é outra maneira de ver a Baía de Todos os Santos. Caso tenha interesse, você também pode visitar o Museu Náutico da Bahia.
No entanto, para entrar no forte, é necessário pagar o valor de R$15 a inteira. Confesso que optei por não ir, porque estava com fila e eu não queria perder tempo. Além disso, o sol estava quase se pondo.
Se você for mais cedo, vale a pena aproveitar a praia da Barra e ir ao forte quando estiver faltando meia hora para o pôr do sol. Dependendo da maré, logo ao lado do forte, você pode ter a sorte de se deliciar nas piscinas naturais que são formadas entre as pedras.
5. Praia do Flamengo
O litoral de 50 km de extensão oferece diversas opções de praias para residentes e turistas em Salvador. Neste artigo, vou focar apenas na Praia do Flamengo, que fica no bairro de Stella Maris.
Localizada a cerca de 30 km da área central da capital, a Praia do Flamengo é mais um dos passeios gratuitos em Salvador, sendo a opção ideal para quem não gosta de praias muito movimentadas. A paisagem é dominada por coqueiros, areia amarela e a característica água morna do mar nordestino.
Vale destacar que a região é bastante segura, contando ainda com ótima infraestrutura. Existem profissionais nas barracas que alugam cadeiras e mesas, mas você pode levar os seus pertences para não gastar nada durante o dia.
Em relação à comida, se preferir comer fora, também existem barracas dos mais diversos tipos, em especial do acarajé, que é um tradicional prato baiano.
Ele é feito de massa de feijão fradinho, azeite dendê, sal e cebola. Geralmente, é acompanhado também de vatapá (creme feito com pão, leite, dendê e outros ingredientes) e camarão frito.
Eu comi o acarajé sem camarão, mas achei bem gorduroso e acabei enjoando. O meu namorado também, então talvez a gente tenha escolhido a barraca errada pra experimentar esse prato. De qualquer forma, vale a pena a tentativa, ok? Mas aviso logo que azeite de dendê não é para os fracos.
6. Mercado Modelo
Contando com 263 lojas em dois andares, o Mercado Modelo é um lugar que vale a visita tanto para comprar lembrancinhas quanto para passear. Por isso, decidi inserir ele como um dos passeios gratuitos em Salvador.
O mercado foi criado em 1912, devido à necessidade da existência de um centro de abastecimento na região da Cidade Baixa, com vista direta para a Baía de Todos os Santos.
Esse cartão postal de Salvador sobreviveu a cinco incêndios ao longo dos anos, mas o incêndio de 1969 foi o mais avassalador e destruiu a construção. Em 1971, o mercado foi erguido no edifício atual. Já o antigo local que o abrigava deu lugar a uma escultura de Mário Cravo Junior.
O Mercado Modelo conta com diversas lojas de artesanato, comida e bebida. Por isso, aqui vai uma dica: antes de comprar na primeira loja que encontrar, faça uma boa pesquisa de preço.
É bem comum encontrar boxes que vendem o mesmo produto, mas com preços diferentes. Além disso, pechinchar também é uma boa pedida, ainda mais se você for comprar mais de uma mercadoria na mesma loja.
Eu sou cara de pau e falo mesmo: “não faz um descontinho se eu levar três produtos?” ou “poxa, na outra loja estava mais barato”. Geralmente, isso funciona.
Se você tiver bastante gás, é possível ir para o Mercado Modelo de manhã, depois pegar o Elevador Lacerda, que fica logo em frente, e ir ao Pelourinho.
Mas saiba que, ao final do dia, você estará cansado de tanto andar, então essa é uma recomendação para seguir caso fique poucos dias na capital baiana, ok?
Bônus: Festa de Iemanjá
Decidi trazer a Festa de Iemanjá como bônus porque ela não é, exatamente, um dos passeios gratuitos em Salvador. Afinal, é uma celebração religiosa originada do candomblé que acontece uma vez ao ano, mas, se você tiver a oportunidade de vivenciar essa experiência, vá sem pensar duas vezes.
Eu consegui ir à festa por pura sorte, porque não sabia que iria coincidir justamente com o período em que eu estaria em Salvador. Pra mim, isso pareceu bastante como um daqueles acontecimentos na vida que você sabia que eram para acontecer, entende?
A Festa de Iemanjá é organizada pela Colônia de Pescadores, ao lado de órgãos públicos e da sociedade civil, e acontece todos os anos no dia 2 de fevereiro. No entanto, a celebração já inicia no dia anterior na Casa de Iemanjá, que fica no Rio Vermelho. Logo cedo começa a fila para deixar as oferendas e isso dura o dia inteiro.
Às 16h é iniciado o momento principal da festa: a saída dos barcos para a entrega da oferenda à Iemanjá. Alguns turistas e devotos preferem contratar os barqueiros na hora, mas eu assisti a celebração da areia mesmo.
Quem não vai de barco decide entregar as flores na beira do mar. Aliás, esta é uma mudança bacana do ponto de vista sustentável: agora, a oferenda costuma ser feita de flores, não mais de espelhos, pentes e jóias.
É recomendado que você, mesmo se for cético, vá com roupa azul ou branco, como demonstração de respeito à religião.
Durante o dia, grupos de samba, axé e capoeira passam pela orla do Rio Vermelho e marcam o som da festa. Inclusive é possível ouvir cânticos em iorubá, que é uma língua africana falado ao sul do Saara.
Participar dessa celebração foi um dos pontos mais altos da minha viagem e, sem dúvidas, uma das melhores dicas sobre o que fazer em Salvador de graça.
Como você pôde perceber, existem diferentes opções de passeios gratuitos em Salvador e cada um deles é capaz de encantar qualquer turista. Essa cidade me marcou bastante e não vejo a hora de voltar!
E você, já visitou a capital baiana? Foi para alguma atração turística de graça que eu esqueci de comentar? Me conta na caixa de comentários logo abaixo!
Caramba, que legal! Já ouvi de alguns amigos que não tinha tantas opções bacanas por lá, mas agora certamente mudou minha perspectiva. São 6 super passeios, né? Adorei! Fala mais de Salvador!!! rsrs
Eu simplesmente amei todas as suas indicações! De verdade mesmo! Acho que vc estar la no dia de iemanjá, foi um pouco de sorte e um pouco de destino hahahaha. Com certeza se eu tiver a oportunidade de ir, vou salvar todas essas dicas que você deu. Nordeste é nordeste ne? Hahahhaa 😊
Concordo! Sorte e destino! Hahaha. O Nordeste é maravilhoso ♥
Lá tem muita coisa pra fazer! Com certeza vou falar mais de Salvador 🙂
Amei suas recomendações!!! Amo viajar e amei conhecer seu blog. Espero que tudo passe, e em setembro estarei em Salvador, obrigada pelas dicas.
Oi, Krizia! Muito obrigada 🙂 Vamos torcer pra que tudo melhore logo!
Nossa, a Bahia é tudo! Tanta história, tanta beleza. Conheci o sul da Bahia: Porto Seguro, Trancoso e Arraial D’Ajuda, e é uma delícia de história, natureza, manifestações culturais, religiosas… Pra quem curte conhecer a história do Brasil é tudo! Quero muito conhecer Salvador um dia! Muito boas as dicas.
Que demais! O sul da Bahia deve ser incrível.