Notícias ruins pipocam a todo momento e, ainda que você não seja obrigado a se alienar – eu nem recomendo isso, na verdade –, é importante reservar momentos do dia para ocupar a mente com outros assuntos. Por isso, neste post, separei algumas opções sobre o que ver na Netflix durante a quarentena.
O meu critério para escolher os conteúdos abaixo foi o seguinte: qualquer filme, documentário e reality show que me faça refletir sobre o turismo. Seja quanto ao impacto dele para a sociedade local e o ambiente, seja quanto às possibilidades de destinos incríveis que o mundo oferece.
Então, se você tem essa plataforma de streaming e está precisando de uma dose de entretenimento, continue a leitura!
Comer, Rezar, Amar (2010)
Ok, eu sei que muita gente já viu esse filme, mas vai que aparece algum leitor aqui que nunca tenha dado chance a essa obra?
Eu já assisti “Comer, Rezar, Amar” diversas vezes, inclusive ele foi, por muito tempo, o meu comfort movie, sabe? Daqueles que assistimos quando estamos pra baixo e precisamos de um pouco de otimismo na vida.
Estrelado por Julia Roberts e dirigido por Ryan Murphy, a obra é uma adaptação cinematográfica do livro de mesmo nome, escrito por Elizabeth Gilbert, que é a personagem central da história.
Recém-divorciada, a escritora Liz decide partir em uma busca do autoconhecimento durante um ano por três diferentes destinos: Itália, Índia e Indonésia. A escolha desses países teve como base a busca pelo prazer (Itália), pela devoção (Índia) e pelo equilíbrio (Indonésia).
A jornada é sofrida, ao mesmo tempo em que tem doses de leveza. Liz revê as suas prioridades, enfrenta os seus maiores monstros e percebe como precisa ter uma postura diferente em relação à vida.
Enquanto assistia ao filme (e lia o livro), eu me sentia como uma amiga próxima da Liz, torcendo para que ela encontrasse o que procurava a cada nova aventura.
Confesso que, algum dia, gostaria de fazer o mesmo que ela. Baita privilégio poder tirar um ano sabático em busca do autoconhecimento, né? Para nós, meros mortais, isso não parece ser uma realidade muito próxima.
Ainda assim, ao terminar de assistir “Comer, Rezar, Amar”, é difícil não ficar com uma enorme vontade de visitar cada um dos países retratados na trama.
Instant Hotel (2018-2019)
O reality show “Instant Hotel” é o entretenimento ideal para quem deseja saber o que ver na Netflix, tem interesse por turismo e arquitetura, mas também curte alguns barracos que só existem nos realities.
O programa teve duas temporadas, sendo composto por duplas que têm casas na Austrália e oferecem aluguel pelo Airbnb. Na primeira temporada, houve a participação de 10 pares. Já na segunda, apenas cinco.
Em cada episódio, uma dupla se torna a anfitriã para os outros convidados durante uma noite. Em seguida, eles devem avaliar quesitos como custo-benefício, noite de sono, localização, atrações próximas e a estrutura da casa.
Além disso, a especialista em hospitalidade, Juliet Ashworth, também dá a sua pontuação. Ao final do programa, o par que somar mais pontos ganha um prêmio.
Ao longo dos episódios, surgem disputas de ego, clássicas de qualquer reality, que dão uma animada no programa. No entanto, também protagonizam cenas bem sem noção.
De qualquer forma, acredito que “Instant Hotel” vale a pena como opção sobre o que ver na Netflix porque mostra diversas atrações turísticas na Austrália que nem sempre são conhecidas.
Aliás, é bem interessante ver casas tão diferentes – uma inclusive foi construída como uma espécie de caverna no deserto australiano! Mas vale o alerta: nenhuma delas apresenta um preço realmente atrativo.
Muito pelo contrário, a maioria é bem cara. Não foi difícil encontrar casas que faziam o aluguel de apenas uma noite por quase mil dólares australianos. Loucura, né?
Então, o reality deve ser encarado como um passatempo para conhecer melhor a Austrália, não como uma busca por opções de aluguel para temporada no país. Eu gostei bastante da primeira temporada, mas confesso que achei a segunda bem morna.
Fyre Festival: Fiasco no Caribe (2019)
Você não sabe o que ver na Netflix, mas tem preferência por documentários? Então, anota já na sua lista: “Fyre Festival”.
Com a promessa de ser o primeiro festival luxuoso de música, idealizado nas Bahamas em 2017, com ingressos de valores entre 10 mil e 100 mil dólares, Fyre Festival tinha tudo para dar errado. E deu.
A campanha publicitária foi do mais alto nível: modelos como Bella Hadid e Kendall Jenner participaram dos vídeos de anúncios do festival. Logo depois, as publicidades viraram febre no Instagram. Milhares de jovens desejavam ter a presença carimbada nesse festival inédito.
A proposta era promover acomodações luxuosas ao longo de dois finais de semana, incluindo comida refinada e aventuras caribenhas na ilha de Norman’s Cay, ao som de atrações como Major Lazer.
No entanto, às vésperas do festival, o lugar já dava claros indícios de que não apresentava a estrutura necessária para os visitantes. Inclusive o local onde aconteceria o Fyre Festival foi mudado para Great Exuma, mas não foi comunicado às pessoas que pagaram os ingressos.
Ou seja, elas viajaram acreditando que estavam indo para Norman’s Cay, ilha que, inclusive, já pertenceu a Pablo Escobar.
Ao chegarem na ilha, as pessoas viram construções inacabadas e tendas nada luxuosas. Quanto à comida, receberam sanduíches de queijo. Para piorar, as condições climáticas não ajudaram em nada, fazendo as tendas ficarem encharcadas.
Enquanto isso, as malas dos visitantes simplesmente foram jogadas, todas juntas, em um estacionamento mal iluminado. Logo, o caos foi instaurado e começaram a surgir vídeos na internet sobre a farsa que foi o evento. Os artistas cancelaram a presença e, é claro, o Fyre Festival, de fato, não aconteceu.
Mas se você está achando que isso foi o pior que poderia ter acontecido, aqui vai um alerta: o impacto desse evento foi terrível para a comunidade local. Centenas de pessoas trabalharam às pressas, dia e noite, para fazer o impossível acontecer e não receberam por isso. Você entendeu certo: a produção não pagou os trabalhadores como o combinado.
Ou seja, além do impacto ambiental e das falsas promessas para os visitantes, o festival prejudicou financeiramente a comunidade local.
Segundo a Vogue, o restaurante que distribuiu a comida teve um prejuízo de US$50 mil por pagar os funcionários, o que era a responsabilidade dos produtores do evento. No entanto, os donos do restaurante criaram uma página para arrecadar fundos e conseguiram cobrir algumas despesas.
E quem foi o idealizador de toda essa irresponsabilidade? Billy McFarland, que foi condenado a seis anos de prisão. Além disso, devido à fraude, ele acumula processos milionários que ainda não foram pagos.
Esse documentário, produzido por Chris Smith, serve para mostrar o impacto que a ganância tem em diversas esferas, mas o pior resultado pesa para o lado mais fraco: as pessoas locais.
Afinal, quem tem dinheiro para pagar entre 10 mil e 100 mil reais em um ingresso não vai sofrer tanto se perder essa grana. É claro que surge a decepção e a raiva por ter sido enganado, mas esse não seria um dinheiro que faria falta.
Já a comunidade local é quem mais sofre, pois é ela quem precisa recolher os cacos do fracasso, enquanto todos já voltaram para as suas casas.
A Menina e o Leão (2019)
Para quem ama bichos, como eu, “A Menina e o Leão” é outra obra que faz o telespectador repensar sobre a sua responsabilidade em relação ao turismo. Dirigido por Gilles de Maistre, o filme é focado na relação entre a protagonista Mia e o leão Charlie.
A família se muda da Inglaterra para a África do Sul, local em que os pais têm uma fazenda e criam leões, mas o trabalho é voltado para o turismo. Em um dado momento, nasce o leão branco Charlie, espécie rara, que logo cria vínculo com a menina Mia.
Enquanto a família acredita que o pai, John, protege os animais, ele, na verdade, promove a venda de bichos para a caça ilegal e Mia descobre isso. Por ser raro, o leão branco valeria mais, então logo a existência de Charlie é colocada em risco.
Por causa disso, Mia parte em uma aventura para salvar a vida do animal, com o objetivo de entregá-lo a uma reserva ambiental para que Charlie possa viver em paz.
O filme tem uma vibe bem sessão da tarde, incluindo alguns erros técnicos. No entanto, a sua proposta é interessante por colocar em foco a prática bem comum que é a caça ilegal de animais na África do Sul.
Esse é um problema tão grave na região que os rinocerontes, por exemplo, têm os seus chifres cortados em locais como reservas e parques nacionais para que, assim, caçadores ilegais não matem-nos. Para você ter uma noção de quão valioso é esse material, um quilo de chifre equivale a US$60 mil.
Em relação aos leões, a África do Sul agora permite que 1,5 mil esqueletos sejam exportados anualmente, o que é uma ação bem controversa por estimular o assassinato deles.
Enfim, os turistas têm a responsabilidade de não compactuar com esse tipo de ação que o filme denuncia. Por isso, antes de fazer uma visita a lugares turísticos que envolvam bichos, é fundamental verificar a procedência deles para avaliar se você está financiando, mesmo que não saiba, a exploração e morte animal.
Com este artigo, você pôde descobrir o que ver na Netflix durante a quarentena, seja para simplesmente passar o tempo, seja para refletir criticamente sobre algum assunto. Afinal, esses conteúdos servem não apenas para entreter como também para pensar sobre a própria vida e o impacto de ações individuais no mundo.
E você, tem mais alguma dica sobre o que ver na Netflix? Conte na caixa de comentários abaixo!
Comer, rezar e amar é mesmo incrível! Lugares maravilhosos e que dão muita vontade de conhecer. Me interessei muito pelo A menina e o leão, vou ver se consigo assistir hoje. Vou colocar todos na lista pra não esquecer de ver
Isso aí 😉
Eu sou a leitora que nunca tinha dado uma chance a ‘Comer, Rezar e Amar’ haha Coloquei na minha lisitinha!
Hahahaha você vai adorar! Levei alguns aprendizados pra vida ♥